domingo, 1 de março de 2009

Palavra de Vida - Março

«Se pedirdes alguma coisa ao Pai em Meu nome, Ele vo-la dará»
[Jo 16, 23]. (1)

Que vos parece?

O mais absurdo espectáculo a que podemos assistir neste mundo é, por um lado, a presença de pessoas à deriva, sempre à procura de qualquer coisa e que, nas inevitáveis provações da vida, sentem a angústia, a necessidade de ajuda e a sensação de orfandade; e, por outro lado, a realidade de Deus, Pai de todos, que outra coisa não deseja senão usar da Sua omnipotência para satisfazer os desejos e as necessidades dos Seus filhos.

É como um vazio que requer uma plenitude. É como uma plenitude que requer um vazio. Mas que não se encontram.

A liberdade de que o homem é dotado pode provocar também este dano.

Mas Deus não cessa de ser Amor para aqueles que O reconhecem.

Oiçamos o que diz Jesus:

«Se pedirdes alguma coisa ao Pai em Meu nome, Ele vo-la dará».

Estamos perante uma daquelas palavras ricas de promessas que Jesus repete de vez em quando no Evangelho. Através delas ensina-nos, com tonalidades e explicações variadas, como obter aquilo de que precisamos.

(…)

Só Deus pode falar assim. As Suas possibilidades não têm limites. Todas as graças estão em Seu poder: as graças terrenas, as graças espirituais, as possíveis e as impossíveis. Mas temos que ouvir com atenção.

Ele sugere-nos “como” nos devemos apresentar ao Pai para fazer o nosso pedido. «Em Meu nome», diz.

Se tivermos um pouco de fé, estas palavras podem dar-nos asas.

No fundo, Jesus, que viveu aqui na Terra connosco, tem pena de nós. Ele conhece as infinitas necessidades que nós temos, que cada um tem. E então, em tudo aquilo que se refere à oração, interessou-se Ele directamente e é como se nos dissesse: «Vai ter com o Pai em Meu nome e pede-Lhe isto, e mais aquilo, e mais aquilo». Ele sabe que o Pai não pode dizer-Lhe que não. Ele é o Seu Filho e é Deus.

Não vamos ter com o Pai em nosso nome, mas em nome de Cristo. Lembram-se do provérbio: «Quem é mensageiro não merece castigo»?

Nós, indo ter com o Pai em nome de Cristo, funcionamos como um simples mensageiro. Os negócios resolvem-se entre os dois interessados.

É assim que rezam muitíssimos cristãos que poderiam testemunhar-nos as graças sem número que receberam. Essas graças revelam, quotidianamente, que sobre eles vigia atenta e amorosamente a paternidade de Deus.

«Se pedirdes alguma coisa ao Pai em Meu nome, Ele vo-la dará».

A este ponto pode ser que alguém me diga: «Eu já pedi, pedi até no nome de Cristo, mas não recebi nada».

Pode acontecer. Eu disse já que Jesus, noutros passos do Evangelho, convida a pedir e dá em seguida explicações, que talvez nos tenham escapado.

Ele diz, por exemplo, que recebem, aqueles que «permanecem» n’Ele – quer dizer, na Sua vontade.

(…)

Ora, pode ser que tenhamos pedido uma coisa que não esteja de acordo com o desígnio que Deus tem sobre nós e Deus não considera útil à nossa existência nesta Terra ou na Outra vida, ou ache até prejudicial.

Como poderia Ele, que é nosso Pai, atender-nos nesses casos? Estaria a enganar-nos. E isso Ele nunca vai fazer. Então será melhor que, antes de rezarmos, combinemos com Ele e Lhe digamos: «Pai, eu gostaria de Te pedir isto em nome de Jesus, se Te parecer oportuno». E, se a graça pedida se conciliar com o plano que Deus, no seu Amor, pensou para nós, realizar-se-á a Palavra:

«Se pedirdes alguma coisa ao Pai em Meu nome, Ele vo-la dará».

Pode acontecer também que peçamos graças, mas não tenhamos a mínima intenção de adequar a nossa vida àquilo que Deus pede.

Também neste caso, achavam justo que Deus nos atendesse? Ele não nos quer dar simplesmente um presente, quer oferecer-nos a felicidade total. E esta obtém-se procurando viver os mandamentos de Deus, as Suas Palavras. Não basta só pensar nelas, nem limitar-se a meditá-las. É necessário vivê-las.

Se assim fizermos, havemos de obter tudo.

Concluindo: queremos obter graças? Podemos pedir tudo o que quisermos, em nome de Cristo, se fixarmos antes de mais a nossa atenção na Sua vontade, com a decisão de obedecer à lei de Deus. Deus fica felicíssimo por nos dar graças. Infelizmente, na maioria das vezes somos nós que Lhe fechamos as nossas mãos.

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Novembro de 1978, publicada integralmente em Essere la Tua Parola. Chiara Lubich e cristiani di tutto il mondo, vol. I, Roma 1980, pp. 123-126.