terça-feira, 20 de dezembro de 2011

Feliz Natal


Natale tempo di dare from focolare.org on Vimeo.


Copyright Centro Gen 4, Roma.

domingo, 4 de dezembro de 2011

Palavra de Vida - dezembro - com fotografias

Para os mais jovens aqui fica a Palavra de Vida deste mês - adaptação ao comentário de Chiara Lubich - ilustrada com fotografias. Pode fazer-se o download para o computador ou clicar em cima para ver a imagem maior.

sábado, 3 de dezembro de 2011

Palavra de Vida - dezembro - com desenhos

Para as crianças aqui fica a Palavra de Vida deste mês - adaptação ao comentário de Chiara Lubich - ilustrada com desenhos. Pode fazer-se o download para o computador, para imprimir e pintar ou clicar em cima para ver a imagem maior.

quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Palavra de Vida - dezembro

«Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas» [Lc 3, 4]. (1)

Neste tempo do Advento, aqui está uma nova “palavra”, que somos convidados a viver. O evangelista Lucas foi buscar a frase de Isaías, o profeta da consolação. Para os primeiros cristãos, ela é atribuída a João, o Baptista, que precedeu Jesus.
E a Igreja, neste tempo que antecede o Natal, apresentando – como dizíamos – o Precursor, convida-nos a viver na alegria, porque João Baptista é como um mensageiro que anuncia o Rei. Este, de facto, está para chegar. Aproxima-se o tempo em que Deus cumpre as Suas promessas, perdoa os pecados, dá a salvação.

«Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas».

Mas, se esta é uma palavra de alegria, é também um convite para uma nova orientação de toda a nossa existência, para uma mudança radical de vida.
O Baptista convida a preparar o caminho do Senhor. Mas qual é esse caminho?
Anunciado pelo Baptista, Jesus, antes de sair para a vida pública e começar a sua pregação, passou pelo deserto. Foi este o Seu caminho. E no deserto, se por um lado encontrou a profunda intimidade com o Seu Pai, encontrou também as tentações – fazendo-se assim solidário com todas as pessoas –, das quais saiu vencedor. E esse mesmo percurso encontramos mais tarde, na Sua morte e ressurreição. Jesus, tendo percorrido o Seu caminho até ao fim, torna-se Ele mesmo “caminho” para nós, que estamos a caminho.
Jesus é o caminho por onde devemos seguir para podermos realizar profundamente a nossa vocação humana, que é entrar na plena comunhão com Deus.
Cada um de nós é chamado a preparar o caminho a Jesus, que quer entrar na nossa vida. É preciso, então, endireitar as veredas da nossa existência, para que Ele possa entrar em nós.
Temos que Lhe preparar o caminho, eliminando, um por um, todos os obstáculos: aqueles que são postos pelo nosso modo limitado de ver as coisas, pela nossa vontade fraca.
Temos de ter a coragem de escolher entre um caminho feito por nós e o que Ele preparou para nós. Entre a nossa vontade e a Sua. Entre um programa querido por nós e aquele que foi pensado pelo Seu amor omnipotente.
E uma vez tomada essa decisão, temos de trabalhar para adaptar a nossa vontade recalcitrante à Sua. Como? Os cristãos realizados ensinam um método bom, prático, inteligente: fazê-lo agora, neste momento.
No momento presente retiremos uma pedra após outra, para que nunca mais viva a nossa vontade em nós, mas sim a Sua.
Assim viveremos a Palavra:

«Preparai o caminho do Senhor, endireitai as suas veredas».

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Dezembro de 1997, publicada em Città Nuova, 1997/22, pp. 32-33.

terça-feira, 1 de novembro de 2011

Palavra de Vida - novembro - com fotografias


Para os mais jovens aqui fica a Palavra de Vida deste mês - adaptação ao comentário de Chiara Lubich - ilustrada com fotografias. Pode fazer-se o download para o computador ou clicar em cima para ver a imagem maior.

Palavra de Vida - novembro

«Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora» [Mt 25, 13]. (1)

 Jesus tinha acabado de sair do templo. Os discípulos, cheios de orgulho, fizeram-Lhe notar a imponência e a beleza do edifício. Mas Jesus disse-lhes: «Vedes tudo isto? Em verdade vos digo que não ficará aqui pedra sobre pedra: tudo será destruído» (2). Depois subiu ao Monte das Oliveiras, sentou-se e, olhando para Jerusalém que estava diante de Si, começou a falar da destruição da cidade, e do fim do mundo.
Os discípulos perguntaram-Lhe quando e como aconteceria o fim do mundo. Essa questão foi posta também pelas gerações cristãs que se seguiram, e é uma questão levantada por todo o ser humano. Realmente, o futuro é misterioso e, muitas vezes, assusta. Ainda hoje há quem interrogue os magos e consulte o horóscopo para saber como será o futuro, e o que pode vir a acontecer...
A resposta de Jesus é muito clara: o fim dos tempos coincide com a Sua vinda. Ele, Senhor da História, há-de voltar. É Ele o ponto luminoso do nosso futuro.
E quando será esse encontro? Ninguém sabe, pode ser a qualquer momento. De facto, a nossa vida está nas Suas mãos. Ele deu-no-Ia. E Ele pode retomá-la também, de um momento para o outro, sem aviso prévio. No entanto, previne-nos que a melhor forma de nos prepararmos para esse acontecimento é estarmos vigilantes.

«Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora».

Com estas palavras, Jesus recorda-nos, antes de mais, que Ele há-de vir. A nossa vida na Terra irá terminar e terá início uma vida nova, que nunca mais terá fim. Hoje em dia, ninguém gosta de falar da morte. Às vezes as pessoas fazem de tudo para se distraírem, mergulhando completamente nas ocupações quotidianas. Acabam por se esquecer até d’Aquele que nos deu a vida e que nos vai voltar a pedi-Ia para nos conceder a plenitude da vida, na comunhão com o Seu Pai, no Paraíso.
Estaremos nós prontos para ir ao Seu encontro? Teremos a lâmpada acesa, como as virgens prudentes que estão à espera do Esposo? Ou seja, estaremos no amor? Ou estará apagada a nossa lâmpada porque, ocupados pelas muitas coisas a fazer, pelas alegrias efémeras, pela posse dos bens materiais, acabámos por nos esquecer da única coisa necessária, que é amar?

«Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora».

Mas como vigiar? Antes de mais – sabemos bem –, vigia bem, precisamente, quem ama. É o que faz a esposa que aguarda o marido que se atrasou no trabalho, ou que está de regresso de uma longa viagem. Como faz a mãe que se inquieta com a demora do filho a chegar a casa. Ou o namorado que está ansioso por encontrar a namorada... Quem ama sabe esperar até mesmo quando o outro se demora.
Esperamos Jesus se O amarmos e se desejarmos ardentemente estar com Ele. E esperamo-Lo amando concretamente, servindo-O, por exemplo, em quem esta próximo de nós, ou esforçando-nos por edificar uma sociedade mais justa. É o próprio Jesus que nos convida a viver assim, ao contar a parábola do servo fiel. Este, enquanto espera o regresso do seu patrão, toma conta dos outros empregados e dos negócios da casa. Ou a parábola dos servos que, também à espera do regresso do dono da casa, se esforçam por fazer render os talentos recebidos.

«Portanto, vigiai, porque não sabeis o dia nem a hora»
.

Exactamente porque não sabemos o dia nem a hora da Sua vinda, podemos concentrar-nos mais facilmente no hoje que nos é dado, na tarefa de cada dia, no momento presente que a Providência nos oferece para viver.
Há tempos, veio-me o desejo espontâneo de dirigir a Deus esta oração.
Gostaria de a recordar agora.

«Jesus, / faz-me falar sempre / como se fosse /
a última palavra que possa dizer. /
Faz-me agir sempre / como se fosse /
a ultima acção que possa fazer. /
Faz-me sofrer sempre / como se fosse / o último sofrimento /
que tenho para te oferecer. /
Faz-me rezar sempre / como se fosse /
a minha última possibilidade, /
aqui na Terra, / de poder falar contigo».*

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Novembro de 2002, publicada em Città Nuova, 2002/20, p. 7; 2) Mt 24, 2.
* Em PARAR O TEMPO, de Chiara Lubich, Editora Cidade Nova, Lisboa 2001, p. 30.

quarta-feira, 5 de outubro de 2011

Palavra de Vida - outubro - com fotografias

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sábado, 1 de outubro de 2011

Palavra de Vida - outubro

«Segue-me!» [Mt 9, 9]. (1)

Quando saía de Cafarnaum, Jesus viu um cobrador de impostos, chamado Mateus, sentado no posto de cobrança. Mateus estava a exercer um cargo que as pessoas consideravam odioso e que o identificava com os usurários e os exploradores, que enriqueciam à custa dos outros. Os escribas e os fariseus punham-no no mesmo plano dos pecadores públicos, a ponto de censurarem Jesus por ser «amigo de cobradores de impostos e pecadores» e por comer com eles (2).
Jesus, indo contra toda a convenção social, chamou Mateus a segui-Lo e aceitou jantar na sua casa, como faria mais tarde com Zaqueu, o chefe dos cobradores de impostos de Jericó. Ao pedirem-Lhe explicações sobre este comportamento, Jesus disse que Ele veio para curar os doentes, e não para os que têm saúde. Veio chamar, não os justos, mas os pecadores.
E o seu convite, desta vez, era dirigido precisamente a um deles: 

«Segue-me!».

Jesus já tinha dirigido esta Palavra a André, Pedro, Tiago e João, nas margens do lago. O mesmo convite, com outras palavras, dirigiu também a Paulo, no caminho de Damasco.
Mas Jesus não ficou por ali. Ao longo dos séculos continuou a chamar, para O seguirem, homens e mulheres de todos os povos e nações. E faz isso ainda hoje: passa na nossa vida, encontra-nos em lugares diferentes, de modos diferentes, e faz-nos sentir novamente o Seu convite a segui-Lo.
Chama-nos a estar com Ele, porque quer estabelecer conosco um relacionamento
pessoal, e, ao mesmo tempo, convida-nos a colaborar com Ele no grande projeto de uma humanidade nova.
Não se importa com as nossas fraquezas, os nossos pecados, as nossas misérias. Ele ama-nos e escolhe-nos tal como somos. É o Seu amor que nos irá transformar e dar a força para Lhe responder e a coragem para O seguir, como fez Mateus. E, para cada um, Ele tem um amor, um projeto de vida, um chamamento particular. Sentimos isso no coração, através de uma inspiração do Espírito Santo ou através de determinadas circunstâncias, de um conselho, de uma indicação de um amigo nosso… Embora manifestando-se nos modos mais variados, é a mesma Palavra que ressoa:

«Segue-me!»
.

Lembro-me quando, também eu, senti esse chamamento de Deus. Foi numa manhã frigidíssima de inverno, em Trento. A minha mãe pediu à minha irmã mais nova para ir buscar o leite, a dois quilómetros de casa. Mas estava muito frio e ela não foi. Também a minha outra irmã se recusou a ir. Então eu adiantei-me: «Vou eu, mãe», disse-lhe, e peguei na garrafa. Saí de casa e, a meio do caminho, aconteceu um facto um pouco especial: pareceu-me que o Céu se estava a abrir e que Deus me convidava
a segui-Lo. «Dá-te toda a Mim», ouvi no meu coração.
Era o chamamento explícito, a que desejei responder imediatamente. Falei disso ao meu confessor e ele permitiu que me desse a Deus para sempre. Era o dia 7 de dezembro de 1943. Jamais poderei descrever o que se passou dentro de mim, naquele dia: tinha desposado Deus. Podia esperar tudo Dele.
«Segue-me!».

Esta Palavra não se refere só ao momento determinante da decisão da nossa vida. Jesus continua a dirigi-la a nós, todos os dias. «Segue-me!», parece sugerir-nos perante os mais simples deveres quotidianos: «segue-me» naquela dificuldade a abraçar, naquela tentação a vencer, naquele trabalho a fazer…
Como responder-lhe concretamente?
Fazendo aquilo que Deus quer de nós no momento presente. O que traz consigo, sempre, uma graça particular. O que temos a fazer neste mês deve ser, portanto, entregarmo-nos à vontade de Deus com toda a decisão. Darmo-nos ao irmão e à irmã que devemos amar, ao trabalho, ao estudo, à oração, ao descanso, à actividade que devemos realizar. Temos que aprender a ouvir a voz de Deus no fundo do coração. Ele fala também através da voz da consciência. Esta diz-nos aquilo que Deus quer de nós em cada momento. Mas temos que estar prontos a sacrificar tudo o resto para o realizar.
«Faz com que Te amemos, ó Deus, cada dia um pouco mais. Mas, porque podem ser demasiado poucos os dias que nos restam, faz com que Te amemos, em cada momento presente, com todo o coração, toda a alma e todas as forças, naquela que é a Tua vontade».
Este é o melhor método para seguir Jesus.

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Junho de 2005, publicada em Cidade Nova, 2005/06, p. 16;
2) cf. Mt 11, 19; 9, 10-11.

domingo, 4 de setembro de 2011

Palavra de Vida - Setembro - com fotografias

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Palavra de Vida - Setembro

«Tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado»
[Lc 15, 32]. (1)

Esta frase está no final da parábola do filho pródigo (que conhecemos, de certeza), e quer revelar-nos a grandeza da misericórdia de Deus. A parábola conclui um capítulo do Evangelho de S. Lucas, em que Jesus narra mais duas parábolas, para ilustrar o mesmo assunto: o episódio da ovelha perdida, cujo dono deixa as outras noventa e nove no deserto, para ir à procura dela (2); e a história da dracma perdida, com a alegria da mulher que, ao encontrá-la, chama as amigas e as vizinhas para que se alegrem com ela (3).

«Tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado».     
                                                                                                               
Estas palavras são um convite que Deus dirige a cada um de nós – e a todos os cristãos – para nos regozijarmos com Ele, fazermos uma festa e participarmos na Sua alegria pelo regresso do pecador, que estava perdido e foi encontrado. Na parábola, estas palavras são ditas pelo pai ao filho mais velho – com quem tinha partilhado toda a sua vida –, mas que, após um dia árduo de trabalho, se recusa a entrar em casa onde se festeja o regresso do irmão.
O pai vai ao encontro do filho fiel, como foi ao encontro do filho perdido, e tenta convencê-lo. Mas é evidente o contraste entre os sentimentos do pai e os do filho mais velho: o pai revela um amor sem medidas e uma grande alegria, que desejaria ver partilhada por todos. O filho, pelo contrário, está cheio de desprezo e de ciúmes do irmão, que já nem reconhece como tal. De facto, ao falar dele, diz: «Esse teu filho, que gastou os teus bens» (4).
O amor e a alegria do pai, pelo filho que voltou, acentuam ainda mais o rancor do outro. Rancor que revela um relacionamento frio e – poderíamos dizer – falso para com o próprio pai. Para este filho é mais importante o trabalho e o cumprimento dos deveres, e nem parece amar o pai com um amor de filho. Dá mais a impressão que lhe obedece como a um patrão.

«Tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado».
Com estas palavras Jesus denuncia um perigo em que também nós podemos cair: vivermos para sermos umas boas pessoas, baseando-nos na busca da própria perfeição, e considerando os irmãos inferiores a nós. O facto é que, se estivermos “apegados” à perfeição, edificamos a nossa pessoa sem Deus. Enchemo-nos de nós mesmos, ficamos cheios de admiração por nós mesmos. Fazemos como o filho que ficou em casa e que enumera ao pai as suas qualidades: «Há já tantos anos que te sirvo sem nunca transgredir uma ordem tua» (5).

«Tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado».

Com estas palavras Jesus vai contra o tipo de comportamento que assenta a relação com Deus unicamente na observância dos mandamentos. É que uma tal observância já não chega. E a tradição hebraica também está bem ciente disso. Nesta parábola, Jesus põe em evidência o Amor divino, mostrando como Deus, que é Amor, dá o primeiro passo para ir ao encontro de cada pessoa. Não analisa se ela o merece ou não, mas quer que cada um se abra a Ele para poder estabelecer uma autêntica comunhão de vida. Claro que, como podemos perceber, o maior obstáculo a Deus-Amor é precisamente a vida daqueles que acumulam acções e obras, quando Deus desejaria que Lhe dessem os seus corações.

«Tínhamos de fazer uma festa e alegrar-nos, porque este teu irmão estava morto e reviveu; estava perdido e foi encontrado».

Com estas palavras Jesus convida-nos a ter, para com o pecador, o mesmo amor sem medida que o Pai tem por ele. Jesus chama-nos a não reduzir, segundo a nossa medida, o amor que o Pai tem por todas as pessoas, indistintamente. Ao convidar o filho mais velho a partilhar da sua alegria pelo regresso do irmão, o Pai pede-nos, também a nós, uma mudança de mentalidade. Na prática, devemos aceitar como irmãos e irmãs também aqueles homens e mulheres por quem nutriríamos apenas sentimentos de desprezo ou de superioridade. Isso provocará em nós uma verdadeira conversão, porque nos vai purificar da convicção de sermos melhores do que os outros. Assim, evitaremos a intolerância religiosa e receberemos a salvação, que Jesus nos trouxe, como uma dádiva pura do amor de Deus.

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Março de 2001, publicada em Città Nuova, 2001/4. p. 7; 2) cf. Lc 15, 4-7; 3) cf. Lc 15, 8-10; 4) Lc 15, 30; 5) Lc 15, 29.

segunda-feira, 1 de agosto de 2011

Palavra de Vida - Agosto - com fotografias

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Palavra de Vida - Agosto

«Eis que venho para fazer a Tua vontade» [Heb 10, 9]. (1)

É um versículo do Salmo 40, que o autor da Carta aos Hebreus põe na boca do Filho de Deus, em diálogo com o Pai. S. Paulo quer sublinhar, deste modo, o amor com que o Filho de Deus se fez homem, para cumprir a obra da Redenção, por obediência à vontade do Pai.
Estas palavras fazem parte de um contexto em que o autor quer demonstrar a infinita superioridade do sacrifício de Jesus, em relação aos sacrifícios da Lei antiga. Ao contrário destes últimos – em que as vítimas que se ofereciam a Deus eram animais ou, em todo o caso, coisas extrínsecas aos homens –, Jesus, impulsionado por um amor imenso, durante a sua vida na Terra, ofereceu ao Pai a sua própria vontade, todo o seu ser.

«Eis que venho para fazer a Tua vontade».

Esta Palavra dá-nos a chave de leitura da vida de Jesus, ajudando-nos a perceber o aspecto mais profundo e o fio de ouro que liga todas as etapas da sua existência terrena: a sua infância, a sua vida privada, as tentações, as opções que fez, a sua actividade pública, e até a morte na cruz. A cada instante, em todas as situações, Jesus procurou uma única coisa: cumprir a vontade do Pai. E cumpriu-a de uma forma radical, não fazendo nada fora dela e rejeitando até as propostas mais aliciantes que não estivessem em plena sintonia com essa vontade.

«Eis que venho para fazer a Tua vontade».

É uma frase que nos faz compreender a grande lição que toda a vida de Jesus tinha em vista. Ou seja, que a coisa mais importante é cumprir não a nossa, mas a vontade do Pai. Temos que ser capazes de dizer «não» a nós mesmos, para dizermos «sim» a Deus.
O verdadeiro amor a Deus não consiste em lindas palavras, ou ideias ou sentimentos, mas na obediência efectiva aos seus mandamentos.
O sacrifício de louvor que Ele deseja que lhe façamos é oferecer-Lhe, com todo o nosso amor, aquilo que temos de mais íntimo, aquilo que mais nos pertence: a nossa vontade.

«Eis que venho para fazer a Tua vontade».


Como viver, então, a Palavra de Vida deste mês? É daquelas palavras que melhor põem em evidência o aspecto de contra a corrente do Evangelho, na medida em que combate a tendência que mais está enraizada em nós: satisfazer a nossa vontade, seguir os nossos instintos e sentimentos.
E é, também, uma das frases mais incómodas para o homem moderno. Vivemos na época da exaltação do eu, da autonomia da pessoa, da liberdade como fim em si mesma, da auto-satisfação para a realização do indivíduo, do prazer visto como critério para as próprias opções e como segredo para a felicidade... Mas já conhecemos as consequências desastrosas desta cultura.
Pois bem, a essa cultura baseada na satisfação da própria vontade opõe-se a cultura de Jesus, completamente orientada para o cumprimento da vontade de Deus, com os efeitos maravilhosos que Ele nos garante.
Então vamos procurar viver a Palavra deste mês preferindo também nós a vontade do Pai. Isto significa fazer dela a norma e a orientação de toda a nossa vida, tal como fez Jesus.
Deste modo, lançamo-nos numa divina aventura, que nos vai encher de gratidão a Deus. Através da vontade de Deus, santificamo-nos e podemos difundir o amor de Deus em muitos corações.

Chiara Lubich


1) Palavra de Vida, Dezembro de 1991, publicada em Città Nuova, 1991/22, pp. 34-35.

sexta-feira, 1 de julho de 2011

Palavra de Vida - Julho - com fotografias


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Palavra de Vida - Julho

«Vigiai e orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca» [Mt 26, 41]. (1)

Jesus – durante a sua agonia no Monte das Oliveiras – dirigiu estas palavras a Pedro, Tiago e João, ao vê-los vencidos pelo sono. Ele levara-os consigo – eram os três apóstolos que tinham presenciado a sua transfiguração no monte Tabor – para que estivessem a seu lado naquele momento tão difícil e se preparassem com Ele através da oração. Na verdade, aquilo que estava prestes a acontecer, iria ser uma provação terrível também para eles.

«Vigiai e orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca».

Estas palavras – lidas à luz das circunstâncias em que foram pronunciadas –, mais do que uma recomendação feita por Jesus aos discípulos, devem ser vistas como um reflexo do seu estado de alma, ou seja, de como Ele se preparava para a provação. Perante a paixão iminente, Ele reza com todas as forças do seu espírito. Luta contra o medo e contra o horror da morte. Lança-se no amor do Pai para ser fiel, até ao fim, à Sua vontade, e ajuda os seus apóstolos a fazerem o mesmo.
Jesus, aqui, é o modelo de como se deve enfrentar uma provação. Mas, ao mesmo tempo, é como o irmão, que se põe ao nosso lado nesse momento difícil.

«Vigiai e orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca».

A chamada de atenção para a vigilância é muito frequente nas palavras de Jesus. Para Ele, vigiar significa: nunca se deixar vencer pelo sono espiritual; manter-se sempre pronto para ir ao encontro da vontade de Deus; saber reconhecer os sinais que a exprimem na vida de todos os dias; e, sobretudo, saber enfrentar as dificuldades e os sofrimentos à luz do amor de Deus.
E a vigilância é inseparável da oração, porque esta é indispensável para vencer os momentos difíceis. A fragilidade da natureza humana (“a fraqueza da carne”) só pode ser ultrapassada com a força que vem do Espírito.

«Vigiai e orai para não cairdes em tentação. O espírito está pronto, mas a carne é fraca».

Como viver, então, a Palavra de Vida deste mês?
Também nós temos que nos preparar para os momentos difíceis: as pequenas ou grandes dificuldades que encontramos todos os dias. Dificuldades normais ou provas clássicas, que os cristãos vão encontrar com toda a certeza, mais dia, menos dia. Ora, a primeira condição para se vencer uma prova – seja ela qual for – é a vigilância, diz-nos Jesus. Trata-se de saber discernir e perceber que são dificuldades permitidas por Deus, não para nos desencorajar, mas para que, ao vencê-las, amadureçamos espiritualmente.
E, ao mesmo tempo, devemos rezar. É necessária a oração, pois são duas as tentações em que mais facilmente podemos cair nesses momentos: por um lado, termos a presunção de ser capazes de vencer a prova sozinhos; por outro lado, termos o sentimento oposto, isto é, ficarmos com medo de sucumbir, como se aquela dificuldade fosse superior às nossas forças. Jesus, pelo contrário, garante-nos que o Pai do Céu nunca permitirá que nos falte a força do Espírito Santo, se vigiarmos e se lho pedirmos com fé.

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Abril de 1990, publicada em Città Nuova, 1990/6, p. 9.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Palavra de Vida - Junho

«Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai-vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom e Lhe é agradável e perfeito» [Rm 12, 2].(1)

Esta frase encontra-se na segunda parte da Carta de S. Paulo aos Romanos. Aqui, o Apóstolo descreve o procedimento cristão como expressão da nova vida, do verdadeiro amor, da verdadeira alegria e da verdadeira liberdade que Cristo nos deu. É a vida cristã como um novo modo de enfrentar, com a luz e a força do Espírito Santo, as várias tarefas e problemas que podemos vir a encontrar.
Neste versículo, estreitamente ligado ao anterior, o apóstolo define a finalidade e a atitude de base que deveriam caracterizar sempre o nosso comportamento: fazer da nossa vida um hino de louvor a Deus, um acto de amor prolongado no tempo, na busca constante da Sua vontade, daquilo que Lhe é mais agradável.

«Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai--vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom e Lhe é agradável e perfeito».

É evidente que, para cumprir a vontade de Deus, é necessário, primeiro, conhecê-la. Mas, como o apóstolo nos faz compreender, isso não é fácil. Não é possível conhecer bem a vontade de Deus sem uma luz especial. Uma luz que nos ajude a discernir, nas várias situações, aquilo que Deus quer de nós, evitando as ilusões e os erros em que facilmente poderíamos cair.
Trata-se daquele dom do Espírito Santo que se chama “discernimento” e que é indispensável para construir em nós uma autêntica mentalidade cristã.

«Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai--vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom e Lhe é agradável e perfeito».

Mas, como obter e desenvolver em nós esse dom tão importante? Claro que é preciso que tenhamos um bom conhecimento da doutrina cristã. Mas isso não é suficiente. Como nos sugere o apóstolo, é sobretudo uma questão de vida. É uma questão de generosidade, de esforço por viver a Palavra de Jesus, pondo de lado os receios, as incertezas e os cálculos mesquinhos. É uma questão de disponibilidade e de prontidão em cumprir a vontade de Deus. É esta a forma de adquirir a luz do Espírito Santo e construir em nós a nova mentalidade que aqui nos é pedida.

«Não vos acomodeis a este mundo. Pelo contrário, deixai--vos transformar, adquirindo uma nova mentalidade, para poderdes discernir qual é a vontade de Deus: o que é bom e Lhe é agradável e perfeito».

Como viveremos então a Palavra de Vida deste mês? Procurando merecer, também nós, aquela luz que é necessária para cumprir bem a vontade de Deus.
Vamos procurar então conhecer cada vez melhor a Sua vontade tal como nos é expressa através da Sua Palavra, dos ensinamentos da Igreja, dos deveres do nosso estado, etc.
Mas, sobretudo, procuremos vivê--la, já que, como acabámos de ver, é vivendo no amor que brota em nós a verdadeira luz. Jesus mani-festa-se a quem O ama e põe em prática os seus mandamentos (cf. Jo 14, 21).
Conseguiremos assim cumprir a vontade de Deus e dar-Lhe a melhor prenda que Lhe podemos oferecer. E isto ser-Lhe-á agradável não só pelo amor que poderá exprimir, mas também pela luz e pelos frutos de renovação cristã que suscitará à nossa volta.

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Agosto de 1993, publicada em Città Nuova, 1993/14, pp. 34-35.

domingo, 1 de maio de 2011

Palavra de Vida - Maio - com fotografias

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Palavra de Vida - Maio

«Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente» [Mt 22, 37].(1)

No tempo de Jesus, havia um tema clássico que as escolas rabínicas debatiam muito: qual seria o primeiro de todos os mandamentos das Escrituras? Jesus, que era considerado um mestre, não se esquivou à pergunta de um fariseu, legista: «Mestre, qual é o maior mandamento da Lei?». Ele respondeu de uma forma original, unindo o amor a Deus com o amor ao próximo. Os seus discípulos nunca poderão separar estes dois amores, assim como, numa árvore, não se podem separar as raízes da sua copa. Quanto mais eles amarem a Deus, mais intensificam o amor aos irmãos e às irmãs. Quanto mais amarem os irmãos e as irmãs, mais aprofundam o amor a Deus.
Jesus, melhor do que ninguém, sabe quem é realmente o Deus que devemos amar e de que modo deve ser amado: é o seu Pai e nosso Pai, o seu Deus e nosso Deus (cf. Jo 20, 17). É um Deus que ama cada um pessoalmente: a mim, a ti. É o meu Deus, o teu Deus («Amarás ao Senhor, teu Deus»).
E nós podemos amá-Lo porque foi Ele que nos amou primeiro: o amor que nos é ordenado é, portanto, uma resposta ao Amor. Podemos dirigir-nos a Ele com a mesma familiaridade e confiança que Jesus tinha quando Lhe chamava Abbá, Pai. Também nós, do mesmo modo que Jesus, podemos falar muitas vezes com Ele, expondo-Lhe todas as nossas necessidades, propósitos, projectos, declarando-Lhe o nosso amor exclusivo. Também nós queremos esperar ansiosamente que chegue o momento de nos pormos em contacto profundo com Ele, através da oração, que é diálogo, comunhão, intensa relação de amizade. Nesses momentos, podemos dar largas ao nosso amor: adorá-Lo para além da Criação, glorificá-Lo presente em todos os pontos do Universo, louvá-Lo no fundo do nosso coração ou vivo nos tabernáculos. Podemos pensar que Ele está ali onde nós estivermos: no nosso quarto, no trabalho, no escritório, no encontro com os outros...

«Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente».

Jesus ensina-nos também um outro modo de amar o Senhor Deus. Para Jesus, amar significou cumprir a vontade do Pai, pondo à Sua disposição o pensamento, o coração, as energias, a própria vida: entregou-Se totalmente ao projecto que o Pai tinha estabelecido para Ele. O Evangelho mostra-nos Jesus sempre e totalmente dirigido para o Pai (cf. Jo 1, 18), sempre no Pai, sempre concentrado em dizer
apenas aquilo que tinha ouvido do Pai, a realizar apenas o que o Pai Lhe tinha dito para fazer. E pede-nos o mesmo também a nós: amar significa fazer a vontade do Amado, sem meias medidas, com todo o nosso ser: «com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente». Porque o amor não é apenas um sentimento. «Por que me chamais: “Senhor, Senhor”, e não fazeis o que Eu digo?» (Lc 6, 46), pergunta Jesus àqueles que amam só com palavras.

«Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente».


Como viver então este mandamento de Jesus? Mantendo, sem dúvida, com Deus, uma relação filial e de amizade, mas, sobretudo, fazendo aquilo que Ele quer. A nossa atitude para com Deus, tal como fez Jesus, é estar sempre projectados no Pai, em constante escuta d’Ele, e em obediência, para realizar unicamente a Sua obra, e nada mais.
Neste mandamento, é-nos pedida a máxima radicalidade, porque a Deus não se pode dar menos do que tudo: todo o coração, toda a alma, toda a mente. E isto significa fazer bem, completamente, aquela acção que Ele nos pede.
Para viver a Sua vontade e identificar-se com ela, será necessário, muitas vezes, “queimar” a nossa vontade, sacrificando tudo aquilo que temos no coração ou no pensamento, que não esteja relacionado com o momento presente. Pode ser uma ideia, um sentimento, um pensamento, um desejo, uma lembrança, uma coisa, uma pessoa... E eis-nos, assim, totalmente projectados naquilo que nos é pedido no momento presente. Falar, telefonar, ouvir, ajudar, estudar, rezar, comer, dormir, viver a Sua vontade sem divagar. Realizar acções completas, honestas, perfeitas, com todo o coração, toda a alma, toda a mente. Ter como único motor, em todas as nossas acções, o amor, de modo a poder dizer, em cada momento do dia: «Sim, meu Deus, neste momento, nesta acção, amei-Te com todo o coração, com todo o meu ser». Só assim poderemos dizer que amamos a Deus, que retribuímos o Seu ser Amor para connosco.

«Amarás ao Senhor, teu Deus, com todo o teu coração, com toda a tua alma e com toda a tua mente».

Para viver esta Palavra de Vida será útil, de tempos a tempos, analisarmo-nos a nós mesmos, para ver se Deus está realmente em primeiro lugar na nossa alma.
E então, para concluir, o que devemos fazer neste mês? Escolher novamente Deus como único ideal, como o tudo da nossa vida, voltando a colocá-Lo no primeiro lugar, vivendo com perfeição a Sua vontade no momento presente. Devemos poder dizer-Lhe com sinceridade: «Meu Deus e meu tudo», «Amo-Te», «Sou todo teu», «És Deus, és o meu Deus, o nosso Deus de amor infinito!».

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Outubro de 2002, publicada em Città Nuova, 2002/18, p. 7.

sexta-feira, 1 de abril de 2011

Palavra de Vida - Abril

«Não se faça o que Eu quero, mas o que Tu queres»
[Mc 14, 36](1)

Jesus estava no Monte das Oliveiras, numa propriedade chamada Getsé-mani. A hora tão esperada tinha chegado. Era o momento crucial de toda a Sua existência. Ajoelha-se no chão e suplica a Deus – chamando-Lhe «Pai», com ternura familiar – que “afaste de Si aquele cálice”(2). Uma expressão que se refere à Sua Paixão e Morte. Reza para que passe aquela hora... Mas, no fim, dispõe-se totalmente a fazer a vontade do Pai:

«Não se faça o que Eu quero, mas o que Tu queres».

Jesus sabe que a sua Paixão não é um acontecimento ocasional, nem é simplesmente uma decisão dos homens. É um plano de Deus. Ele seria condenado e rejeitado pelos homens, mas o «cálice» vem das mãos de Deus.
Jesus ensina-nos que o Pai tem um projecto de amor sobre cada um de nós. Ele ama-nos com um amor pessoal e, se acreditarmos nesse amor e se lhe correspondermos com o nosso amor – eis as condições –, Ele faz com que tudo se oriente para o bem. Para Jesus, nada aconteceu por acaso, e muito menos a Paixão e a Morte.
E depois houve a Ressurreição, cuja festa celebramos solenemente neste mês.
O exemplo de Jesus, Ressuscitado, deve ser uma luz para a nossa vida. Tudo aquilo que vier, aquilo que acontecer, aquilo que nos rodear e também tudo o que nos fizer sofrer, deve ser visto como a vontade de Deus que nos ama ou como uma permissão d’Ele, que continua a amar--nos. Então tudo terá sentido na vida, tudo será extremamente útil, até aquilo que, naquele momento, nos possa parecer incompreensível e absurdo. Até aquilo que – como aconteceu com Jesus – nos possa fazer cair numa angústia mortal. Basta que, juntamente com Ele, saibamos repetir, com um acto de total confiança no amor do Pai:

«Não se faça o que Eu quero, mas o que Tu queres».

A Sua vontade é que vivamos, que Lhe agradeçamos com alegria pelas dádivas da vida. Mas, às vezes, não coincide com aquilo que nós gostaríamos: um objectivo diante do qual nos devemos resignar – principalmente quando nos deparamos com o sofrimento –, ou uma sucessão de actos monótonos ao longo da nossa existência.
A vontade de Deus é a Sua voz, que continuamente nos fala e nos convida. É o modo com que Ele nos exprime o Seu amor, para nos dar a Sua plenitude de Vida.
Poderíamos representá-la com a imagem do Sol cujos raios são como a Sua vontade sobre cada um de nós. Cada um segue um raio de Sol, distinto do raio de Sol de quem está ao nosso lado, embora ambos sejam raios de Sol, isto é, a vontade de Deus. Todos, portanto, fazemos uma única vontade, a vontade de Deus, mas, para cada um, ela é diferente. Além disso, os raios, quanto mais se aproximam do Sol, mais se aproximam entre eles. Também nós, quanto mais nos aproximamos de Deus – com o cumprimento cada vez mais perfeito da divina vontade –, mais nos aproximamos entre nós... até todos sermos um.
Vivendo assim, tudo na nossa vida pode mudar. Em vez de procurarmos as pessoas que nos agradam e amarmos só essas, podemos aproximar-nos de todos aqueles que a vontade de Deus coloca ao nosso lado. Em vez de preferirmos as coisas que nos agradam mais, podemos ocupar--nos daquelas que a vontade de Deus nos sugere e, portanto, dar-lhes a preferência. O estarmos totalmente projectados na vontade divina desse momento («o que Tu queres»), levar-nos-á, como consequência, ao desapego de todas as coisas e do nosso eu («não se faça o que Eu quero»). Desapego que não é procurado propositadamente – porque se procura a Deus apenas –, mas que se acaba por encontrar. Então, a alegria será completa. Basta mergulharmos no momento que passa e realizar nesse momento a vontade de Deus, repetindo:

«Não se faça o que Eu quero, mas o que Tu queres».

O momento passado já não existe. O momento futuro não está ainda nas nossas mãos. É a situação, por exemplo, de um passageiro num comboio: para chegar ao seu destino, não tem que andar para a frente e para trás, dentro da carruagem, mas permanecer sentado no seu lugar. Devemos, assim, estar parados no presente. O comboio do tempo desloca-se por si. Só podemos amar a Deus no momento presente que nos é dado, pronunciando o nosso “sim” fortíssimo, incondicional, activíssimo à Sua vontade.
Amemos, portanto, aquele sorriso que oferecemos, aquele trabalho que fazemos, aquele carro que é necessário guiar, aquela refeição que vamos preparar, aquela actividade para organizar, aquela pessoa que sofre ao nosso lado.
Nem a provação, nem o sofrimento nos devem assustar se, com Jesus, soubermos reconhecer neles a vontade de Deus, ou seja, o Seu amor por cada um de nós. Pelo contrário, poderemos rezar assim:
«Senhor, faz com que eu não tenha receio de nada, porque tudo aquilo que acontecer será unicamente da Tua vontade! Senhor, faz com que não deseje nada, porque nada é mais desejável do que a Tua vontade.
O que é importante na vida? O importante é a Tua vontade.
Faz com que eu não desanime com nada, porque em tudo está a Tua vontade. Faz com que não me exalte com nada, porque tudo é da Tua vontade».

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Abril de 2003, publicada em Città Nuova, 2003/6, p. 7; 2) cf. Mc 14, 36.

terça-feira, 1 de março de 2011

Palavra de Vida - Março

«Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra».

(…) Assim como revelou a Maria, Deus quer revelar-nos aquilo que Ele pensou para cada um de nós. Quer dar-nos a conhecer a nossa verdadeira identidade. É como se dissesse: «Queres que eu faça de ti e da tua vida uma obra-prima? Então segue o caminho que te indico e serás aquele que, desde sempre, está no meu coração. De facto, eu pensei em ti e amei-te, pronunciei o teu nome desde toda a eternidade. Indicando--te a minha vontade revelo-te o teu verdadeiro eu».
Por isso, a Sua vontade não é uma imposição que nos limita, mas a revelação do Seu amor por nós, do projecto de Deus para cada um de nós. A Sua vontade é sublime como o próprio Deus, fascinante e magnífica como o Seu rosto: é Ele mesmo que se dá a nós. A vontade de Deus é um fio de ouro, é como uma rede divina que tece toda a nossa vida terrena e a Outra vida. Vai desde a eternidade até à eternidade: primeiro no pensamento de Deus, depois nesta Terra e, por fim, no Paraíso.
Mas, para que o desígnio de Deus se realize em plenitude, Ele pede o nosso consentimento, tal como o pediu a Maria. Só assim se realiza a palavra que Deus pronunciou sobre cada um de nós. Então também nós, tal como Maria, somos chamados a dizer:

«Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra».

É verdade que a Sua vontade nem sempre é evidente para nós. Tal como Maria, também nós temos que pedir a luz para podermos compreender aquilo que Deus quer. É preciso ouvir bem a Sua voz dentro de nós, com toda a sinceridade, pedindo um conselho a quem nos possa ajudar, se for necessário. Mas, uma vez compreendida a Sua vontade, queremos dizer--Lhe imediatamente sim. De facto, se compreendermos que a Sua vontade é o que de maior e de mais belo pode existir na nossa vida, não nos vamos resignar, apenas, a “ter” que fazer a Sua vontade. Pelo contrário, vamos gostar de “poder” fazer a vontade de Deus, de poder seguir o Seu projecto, para que se realize aquilo que Ele pensou para nós. É a coisa melhor e mais inteligente que podemos fazer.
As palavras de Maria – «Eis a serva do Senhor» – são, pois, a nossa resposta de amor ao Amor de Deus. Elas mantêm-nos sempre voltados para Ele, numa atitude de escuta e de obediência, com o único desejo de cumprir a Sua vontade para sermos como Ele quer que sejamos.
Todavia, às vezes, aquilo que Ele nos pede pode parecer-nos um absurdo. Acharíamos melhor agir de outra maneira, ou gostaríamos de ser nós a pegar nas rédeas da nossa vida. Até nos pode vir o desejo de aconselhar Deus, de sermos nós a dizer-Lhe o que fazer e o que não fazer. Mas, se nós acreditamos que Deus é Amor e confiamos n’Ele, sabemos que tudo o que Ele prepara, de antemão, para a nossa vida e para a vida das pessoas que estão ao nosso lado, é para o nosso bem e para o bem dessas pessoas. Então entreguemo-nos a Ele, abandonemo-nos com toda a confiança na Sua vontade, desejando-a com todo o nosso ser, até nos identificarmos com ela. Sabemos que aceitar a Sua vontade é recebê-Lo a Ele, abraçá-Lo, encher-nos d’Ele.
Temos de acreditar firmemente numa coisa: nada acontece por acaso. Nenhum acontecimento (alegre, indiferente ou doloroso), nenhum encontro, nenhuma situação de família, de trabalho ou de estudo, nenhuma condição de saúde física ou moral é sem sentido. Mas, cada coisa – acontecimentos, situações, pessoas – é portadora de uma mensagem que vem de Deus. Todas as coisas contribuem para a realização do plano de Deus, que descobriremos pouco a pouco, dia após dia, fazendo, como Maria, a vontade de Deus.

«Eis a serva do Senhor, faça-se em mim segundo a tua palavra».

Como viver esta Palavra? O nosso sim à Palavra de Deus significa concretamente fazer bem, inteiramente, em cada momento, aquela acção que a vontade de Deus nos pede. Isto é, concentrarmo-nos totalmente nessa acção, eliminando tudo o resto, “perdendo” pensamentos, desejos, recordações, acções que dizem respeito a outras coisas.
Diante de cada vontade de Deus – dolorosa, alegre, indiferente –, podemos repetir: «Faça-se em mim segundo a tua palavra», ou, como Jesus nos ensinou no Pai-Nosso: «Seja feita a vossa vontade». Digamo-lo antes de cada nossa acção: «Faça-se…», «Seja feita…». E assim realizaremos, momento após momento, pedrinha ao lado de pedrinha, o maravilhoso, único e irrepetível mosaico da nossa vida, que o Senhor pensou, desde sempre, para cada um de nós.

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Dezembro de 2002, publicada integralmente em Città Nuova, 2002/22, p. 7.

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Palavra de Vida - Fevereiro - com fotografias


Para os mais jovens aqui fica a Palavra de Vida deste mês - adaptação ao comentário de Chiara Lubich - ilustrada com fotografias. Pode fazer-se o download para o computador ou clicar em cima para ver a imagem maior.

Palavra de Vida - Fevereiro

«Todos os que se deixam guiar pelo Espírito, esses é que são filhos de Deus» [Rm 8, 14] (1)

Esta Palavra de Vida encontra-se na parte central do hino que S. Paulo canta à beleza da vida cristã, à sua novidade e liberdade. Estes são frutos do baptismo e da fé em Jesus, que nos inserem plenamente n’Ele, e, através d’Ele, no dinamismo da vida trinitária. Ao tornamo-nos uma única pessoa com Cristo, compartilhamos o Seu Espírito e todos os seus frutos: e o primeiro de todos é a filiação de Deus.
Ainda que S. Paulo fale de «adopção» (2), fá-lo unicamente para a distinguir da posição de filho natural que compete apenas ao Filho único de Deus.
A nossa relação com o Pai não é puramente jurídica, como seria a relação de filhos adoptivos, mas algo de substancial, que muda a nossa própria natureza, como se por um novo nascimento. Porque toda a nossa vida passa a ser animada por um princípio novo, por um espírito novo que é o próprio Espírito de Deus.
E nunca mais acabaríamos de cantar, em sintonia com S. Paulo, o milagre de morte e ressurreição que a graça do baptismo realiza em nós.

«Todos os que se deixam guiar pelo Espírito, esses é que são filhos de Deus».

Esta Palavra fala-nos de uma coisa que tem muito a ver com a nossa vida de cristãos. De facto, o Espírito de Jesus introduz em nós um dinamismo, uma tensão que S. Paulo sintetiza na contraposição entre carne e espírito. Por carne entende o homem inteiro (corpo e alma) – com toda a sua constitucional fragilidade e o seu egoísmo – continuamente em luta com a lei do amor, ou melhor, com o próprio Amor que foi derramado nos nossos corações (3).
De facto, aqueles que são conduzidos pelo Espírito, têm de enfrentar todos os dias o «bom combate da fé» (4). Só assim podem repelir todas as inclinações para o mal e viver de acordo com a fé professada no baptismo.
Mas como? Sabemos que – para que o Espírito Santo possa agir – é necessária a nossa correspondência. S. Paulo, ao escrever esta Palavra, pensava sobretudo naquele aspecto dos discípulos de Cristo, que consiste precisamente na renúncia a si mesmo, na luta contra o egoísmo, com as numerosas formas com que se apresenta.
Mas é este morrer para nós mesmos que produz vida. De forma que, cada corte, cada poda, cada “não” ao nosso eu egoísta, é fonte de luz nova, de paz, de alegria, de amor, de liberdade interior: é uma porta aberta ao Espírito.
Dando mais espaço ao Espírito Santo que está nos nossos corações, Ele poderá derramar, com maior abundância, os seus dons, e poderá conduzir-nos no caminho da vida.

«Todos os que se deixam guiar pelo Espírito, esses é que são filhos de Deus».

Como viver, então, esta Palavra de Vida?
Antes de tudo, devemos tornar-nos cada vez mais conscientes da presença do Espírito Santo em nós. Trazemos no nosso íntimo um tesouro imenso, mas nem nos apercebemos bem dessa realidade. Possuímos uma riqueza extraordinária, mas quase nunca fazemos uso dela.
Em segundo lugar, para que a Sua voz seja por nós ouvida e seguida, devemos dizer não a tudo aquilo que é contra a vontade de Deus e dizer sim a tudo o que Deus quer. Dizer não às tentações, afastando prontamente as respectivas sugestões. Dizer sim às tarefas que Deus nos confiou; sim ao amor para com todos os nossos próximos; sim às provações e às dificuldades que encontramos…
Se assim fizermos, será o Espírito Santo a conduzir-nos, dando à nossa vida cristã aquele sabor, aquele vigor, aquele entusiasmo, aquela luminosidade, que não pode deixar de ter se for autêntica.
Então, também quem estiver próximo de nós há-de verificar que não somos apenas filhos da nossa família humana, mas filhos de Deus.

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Junho de 2000, publicada em Città Nuova, 2000/10. p. 7; 2) cf. Rm 8, 15; Gl 4, 5; 3) cf. Rm 5, 5; 4) 1 Tm 6, 12.


domingo, 9 de janeiro de 2011

Palavra de Vida - Janeiro - com fotografias

Para os mais jovens aqui fica a Palavra de Vida deste mês - adaptação ao comentário de Chiara Lubich - ilustrada com fotografias. Pode fazer-se o download para o computador ou clicar em cima para ver a imagem maior.

sábado, 1 de janeiro de 2011

Palavra de Vida - Janeiro

Como já é costume, também este ano, de 18 a 25 de Janeiro, se celebra, em muitos lugares do mundo, a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos. Há países em que se recorda esta intenção na semana de Pentecostes.
Como muitos se lembram, Chiara Lubich geralmente comentava o versículo bíblico que era escolhido para essa ocasião.
Este ano a frase bíblica para a Semana de Oração é: «Eram assíduos ao ensino dos Apóstolos, à união fraterna, à fracção do pão e às orações» (Act 2, 42). Para a reflexão e a vida propomos um texto de Chiara de 1994, escrito como comentário da passagem dos Actos 4, 32.

«A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum» [Act 4, 32]. (1)

Esta Palavra apresenta um da-queles quadros literários (vedi também 2, 42; 5, 12-16), nos quais o autor dos Actos dos Apóstolos nos faz conhecer, em linhas gerais, a primeira comunidade cristã de Jerusalém. Esta era caracterizada por uma extraordinária frescura e dinamismo espiritual, pela oração e pelo testemunho, mas, sobretudo, por uma grande unidade: o sinal que Jesus indicara como distintivo inconfundível e fonte da fecundidade da sua Igreja.
O Espírito Santo era concedido no Baptismo a todos os que recebiam a Palavra de Jesus. Sendo espírito de amor e de unidade, fazia de todos os crentes uma coisa só com o Ressuscitado e entre eles, ultrapassando todas as diferenças de raças, de culturas e de classes sociais.

«A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum».

Mas vejamos mais detalhadamente os aspectos desta unidade.
Em primeiro lugar, o Espírito Santo realizava entre os crentes a unidade dos corações e do pensamento, ajudando-os a vencer todos os sentimentos que a dificultam, na dinâmica da comunhão fraterna.
De facto, o maior obstáculo à unidade é o nosso individualismo e o apego às nossas ideias, aos pontos de vista e gostos pessoais. É com o nosso egoísmo que se constroem as barreiras com que nos isolamos e excluímos aqueles que são diferentes de nós.

«A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum».

Além disso, a unidade realizada pelo Espírito Santo reflectia-se necessariamente na vida dos crentes. A unidade de pensamento e de coração encarnava-se e exprimia-se numa solidariedade concreta, mediante a partilha dos próprios bens com os irmãos e as irmãs que passavam necessidades. Justamente porque era autêntica, não tolerava que na comunidade alguns vivessem na abundância, enquanto faltava o necessário a outros.

«A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia, mas entre eles tudo era comum».

Como podemos viver a Palavra de Vida deste mês? Ela sublinha a comunhão e a unidade, tão recomendadas por Jesus. Para as podermos realizar, Ele deu-nos o seu Espírito.
Se ouvirmos a voz do Espírito Santo, procuraremos, portanto, crescer nesta comunhão a todos os níveis. Antes de mais, a nível espiritual, vencendo as sementes de divisão que trazemos dentro de nós. Seria, por exemplo, um contra-senso querermos estar unidos a Jesus e, ao mesmo tempo, estarmos divididos entre nós, comportando-nos de uma forma individualista, indo cada um por sua conta, julgando-nos ou até excluindo-nos uns aos outros. É preciso, portanto, uma renovada conversão a Deus que nos quer unidos.
Por outro lado, esta Palavra ajudar-nos-á a compreender cada vez melhor a contradição que existe entre a fé cristã e o uso egoístico dos bens materiais. Ajudar-nos-á a realizar uma verdadeira solidariedade com todos aqueles que passam necessidades, embora dentro das nossas possibilidades.
Além disso, sendo este o mês em que se celebra a Semana de Oração pela Unidade dos Cristãos, esta Palavra impulsionar-nos-á a rezar e a reforçar os nossos laços de unidade, de amor e de comunhão com os nossos irmãos e irmãs pertencentes às várias Igrejas, com quem temos em comum a única fé e o único espírito de Cristo, recebido no Baptismo.

Chiara Lubich

1) Palavra de Vida, Janeiro de 1994, publicada em Città Nuova, 1993/24, pp. 34-35.