agosto de 2013 (1)
A
Palavra de Vida deste mês é do Evangelho de São Lucas. Faz parte de uma
ampla sucessão de frases de Jesus que, no Evangelho de São Mateus,
correspondem ao Sermão da Montanha. Como se sabe, neste trecho do
Evangelho, Jesus descreve as exigências do Reino de Deus e as linhas que
caraterizam aqueles que dele fazem parte. Estes inspiram-se e
orientam-se na imitação do Pai Celeste.
Neste
versículo, Jesus chama os seus discípulos a imitar Deus-Pai no amor. Se
queremos ser Seus filhos, temos que amar o nosso próximo do mesmo modo
que Ele ama.
«Se amais os que vos amam, que agradecimento mereceis? Os pecadores também amam aqueles que os amam».
A
primeira caraterística que melhor distingue o amor de Deus-Pai é a sua
absoluta gratuidade. Está diametralmente em oposição ao amor do mundo.
Enquanto o amor do mundo se baseia na retribuição e na simpatia (isto é,
em amar aqueles que nos amam ou que nos são simpáticos), o amor do Pai
Celeste é completamente desinteressado: doa-se às suas criaturas,
independentemente da resposta que possa receber. É um amor que, por sua
natureza, toma a iniciativa, comunicando tudo o que possui. Por
conseguinte, é um amor que constrói e que transforma. O Pai do Céu
ama-nos não decerto porque somos bons, espiritualmente bonitos e, por
isso, dignos de atenção e de benevolência. Mas, pelo contrário, ao
amar-nos cria em nós a bondade e a beleza espiritual da graça, fazendo
com que nos tornemos Seus amigos e filhos.
«Se amais os que vos amam, que agradecimento mereceis? Os pecadores também amam aqueles que os amam».
Uma
outra caraterística do amor de Deus-Pai é a universalidade. Deus ama
todos indistintamente. A Sua medida é a ausência de qualquer limite e de
qualquer medida.
Aliás,
o Seu amor não poderia ser gratuito e criativo se não fosse totalmente
dirigido para onde quer que haja uma qualquer necessidade ou um vazio a
preencher.
Eis
por que o Pai do Céu ama também aqueles filhos que são ingratos, ou
afastados, ou rebeldes. Pelo contrário, sente-se até atraído para eles
de um modo muito especial.
«Se amais os que vos amam, que agradecimento mereceis? Os pecadores também amam aqueles que os amam».
Como podemos viver, então, a Palavra de Vida deste mês?
Comportando-nos
como verdadeiros filhos do Pai do Céu, isto é, imitando o Seu amor,
sobretudo nas caraterísticas que evidenciámos: a gratuidade e a
universalidade. Procuraremos, então, ser os primeiros a amar, com um
amor generoso, solidário, aberto a todos, com uma dedicação especial aos
vazios que possamos encontrar ao nosso redor. Procuraremos amar com um
amor desapegado dos resultados. Temos que nos esforçar por ser
instrumentos da liberalidade de Deus, fazendo participar também os
outros das graças naturais e espirituais que d’Ele recebemos.
Deixando-nos
guiar por esta Palavra de Jesus, veremos com olhos novos e com um
coração novo todos os próximos que passarem por nós, todas as
oportunidades que a vida quotidiana nos oferecer. E seja qual for o
lugar onde nos encontrarmos a agir (em casa, na escola, no ambiente de
trabalho, no hospital, etc.), sentir-nos-emos impelidos a ser
distribuidores deste amor que é específico de Deus e que Jesus trouxe à
Terra, o único capaz de transformar o mundo.
Chiara Lubich
1) Palavra de Vida publicada em Città Nuova, 1992/2, pp. 32-33.
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